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Ancelotti é apresentado e explica escolha pelo Brasil: “É a melhor seleção do mundo”

Por GE

Diante de mais de 200 jornalistas, Carlo Ancelotti convocou a Seleção e concedeu sua primeira entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, em um hotel na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O treinador se mostrou honrado por estar à frente do Brasil.

Carlo Ancelotti apresentação seleção brasileira — Foto: André Durão
Carlo Ancelotti apresentação seleção brasileira — Foto: André Durão

Ancelotti sobre primeira experiência como técnico de seleções: “Queria provar e o Brasil me chamou”

— Por que não ir para a seleção da Itália? Porque, neste momento, a Itália tem um treinador e não precisava de um treinador. Na Itália nunca me convidaram. O interesse foi do Brasil. Eu sinto muito orgulho de estar aqui, porque a história diz que o Brasil é a melhor seleção do mundo. O Brasil ganhou cinco Copas do Mundo e quer ganhar a sexta e me escolheu para ganhar. É uma tremenda responsabilidade, mas eu a encaro com prazer.

O italiano recebeu vídeo de boas vindas do técnico tetracampeão do mundo Carlos Alberto Parreira, de Falcão, Zico, Rivellino e outros esportistas. Felipão, pentacampeão em 2002, esteve presente no auditório.

Ancelotti explica razão pela qual não convocou Neymar

– A minha conexão com o Brasil começou muito cedo, nos anos 80, com Falcão, Cerezo, depois treinei 34 jogadores brasileiros. Mencioná-los todos eu consigo, porque tenho boa memória, mas me parece uma falta de respeito caso esqueça alguém. Mas Ronaldinho, Ronaldo, Pato, Kaká, Douglas Costa, Emerson, Amoroso, Roque Júnior, Dida, Marcelo, Douglas Costa, Cafu, Endrick, Rodrygo, Vini, Militão… foram muitos. Pela primeira vez, venho ao Rio. É raro porque estive em todas as cidades do mundo e faltava o Rio. Quero desfrutar e quero aproveitar essa cidade.

Neymar ficou fora da lista. Ancelotti explicou que conversou antes da convocação com o astro do Santos. O italiano deixou claro que priorizou convocar jogadores que estão bem fisicamente.

– Esse é o calendário do futebol de hoje. Não há tempo para a preparação. Acho que o time vai estar preparado para esses dois jogos. São muito importantes para a classificação. Tentei chamar os jogadores preparados para contribuir. É uma temporada exigente. Os jogadores estarão preparados para contribuir e tentar ganhar.

Ancelotti explica como foi a observação e escolha dos jogadores que atuam no Brasil

— Os jogadores se conhecem, todos podem assistir a todos os jogos, nós, logicamente, quando se está no clube. Na Europa, os times europeus, o Flamengo, o Palmeiras, o Botafogo, se saem bem. Nós poderíamos jogar com o Botafogo no Mundial. São times acompanhados. Tem pessoas que trabalham aqui e olham. O que eu farei durante esse período é ficar mais tempo no Brasil é para conhecer a estrutura no Brasil, os times, os jogadores, os treinadores. E também, quando eu estiver um pouco férias, porque eu quero ter férias, gosto de aproveitar o Rio de Janeiro, que eu não conheço. Eu não vou dizer que vou trabalhar 360 dias ao ano, mas algum dia de férias eu vou tirar para poder aproveitar o país.

“A sociedade brasileira espera que eu permita que o Brasil ganhe a Copa do Mundo”, diz Ancelotti

O italiano se despediu do Real Madrid no último sábado, na vitória por 2 a 0 contra a Real Sociedad, na última rodada do Espanhol, no Bernabéu. No comando do Real desde 2021 nessa segunda passagem, ele conquistou duas Champions League, duas LaLiga, duas Supercopa da Uefa, duas Supercopa da Espanha, um Mundial de Clubes, um Intercontinental e uma Copa do Rei.

Veja outros trechos da entrevista:

Perfil do jogador brasileiro:

— Se falamos da reação pessoal, é um aspecto importante. Não só os jogadores, mas todos os que trabalham, eu dedico muita atenção a isso. Eu acho que a relação pessoal é capaz de tirar algo mais do que uma relação unicamente profissional. Eu me senti bem com todos os jogadores. Claro que cada um tem a sua personalidade, os brasileiros, nesse sentido. Eu treinei profissionais brasileiros espetaculares. Posso dizer Cafu. O que diferencia jogador brasileiro, eles são capazes de escolher quando é o momento de fazer as coisas a sério e em que podemos brincar e fazer as coisas de forma mais divertida. Eles fazem isso muito bem. Mas, como eu disse, eu tenho muito em consideração essa relação no ambiente de trabalho.

— Depois de 40 anos, eu ainda não sei qual é a estratégia, o sistema que permite ganhar os jogos. Eu ainda não sei. Mas eu sei que o sistema tem que depender das características dos jogadores que você tem para fazer com que o jogador, quando estiver no campo, se sinta confortável. Essa é a ideia que eu quero ter aqui também, aproveitar da enorme qualidade que este país tem com estes jogadores e trabalhar para que toda essa qualidade possa se agrupar com um único objetivo, que é ganhar a Copa do Mundo.

A importância do treinador da seleção para a sociedade brasileira:

— O que espera a sociedade brasileira de mim, que eu faço um bom trabalho que permita que o Brasil volte a ganhar a Copa do Mundo. Isso está claro para mim, eu não tenho dúvida do que esperam de mim. O conhecimento que eu tenho de futebol, pelo tempo e experiência que eu tenho, esperam que eu faça um bom trabalho. Eu posso ajudar a seleção e me conectar à seleção. É um aspecto importante para a CBF, para os jogadores, para o time. É importante ter o apoio e a ajuda de um país.

— O futebol tem gerações, épocas, e isso às vezes pode afetar. Pode afetar o resultado final. A Itália e o Brasil voltarão, no próximo ano, a ser competitivos, como sempre foram. A Itália melhorou muito. O Brasil sempre esteve no nível mais alto. O Brasil, quando teve time mais forte. Itália, quando ganhou. Brasil pode ter tido time mais forte, mas nem sempre foi capaz de conectar talento com sacrifício.

Seleção jogará como o Real Madrid?

— Como eu disse antes, depende das características dos jogadores, logicamente. Vinicius é um jogador muito importante para esta seleção. Há muitos jogadores que serão muito importantes e que também não estão nesta convocação. Eu acho que eu sempre gosto de nomear os que não estão. Há jogadores não incluídos agora que vão contribuir muito durante o ano.

Estilo de jogo ser propositivo ou reativo?

— É uma pergunta nova, eu agradeço. Propositivo ou reativo? É interessante. Eu acho que, no futebol, não pode se fazer uma única leitura. Tem que ser futebol propositivo em alguns jogos e reativos em outros. Eu não gosto de time que eu treine e tenho uma identidade, significa que você só é capaz de fazer uma coisa. Se quer ter sucesso, precisa fazer muitas coisas bem. Propositivo, reativo, pressionar… Existem muitas coisas para ter sucesso. Por isso, quando me dizem, o seu time não tem uma identidade clara. Eu não quero identidade claro.

— Para fazer uma escolha, eu olho o passaporte. Exemplo, Casemiro está aqui, porque ele merece estar aqui pelas suas qualidades. Entre as qualidades, estão experiência, conhecimento, liderança. Não significa que está este porque é jovem. O Estevão está aqui porque tem qualidade. Logicamente a conexão com jovens traz entusiasmo, motivação e vontade. Experiência traz conhecimento, leitura das situações, liderança. Em um time, tudo isso tem que se juntar. O Estevão pode ajudar o Casemiro com o seu entusiasmo. O Casemiro pode ajudar o Estevão na atitude, no compromisso. Sempre é uma questão de conexão.

Convocação de Richarlison:

— É verdade. Eu treinei o Richarlison no Everton. Não é que eu procure isso. Essa convocação sai de pensamento conjunto. Nós trabalhamos conjunto, olhamos os jogadores e pensamos neste momento, considerando todas as dificuldades e os jogadores que estão suspensos. Pensando nisso, logicamente, eu conheço a atitude do Richarlison e do Casemiro. Eles têm vantagem nesse sentido. Mas terei a oportunidade de conhecer todos.

O que é mais urgente ao assumir a seleção brasileira?

— A estratégia, eu já expliquei. É tentar colocar em pouco tempo toda a qualidade que nós temos. Com atitude, compromisso, sacrifício de todos. Dos jogadores e de todos nós. Essa é única forma de tentar a classificação. Primeiro é se classificar e depois se preparar para o Mundial. Qualidade nós temos. Eu tenho muita confiança de que podemos nos sair bem e construir um time que possa competir contra qualquer um.